O nome “Ágil” ou “Agilidade” ou “Agile” foi escolhido para representar o movimento que surgiu em meados dos anos 90 em resposta aos “métodos tradicionais” de desenvolvimento de software.
O método tradicional mais conhecido é o modelo em cascata ou waterfall. Este método se caracteriza por uma sequência de fases de desenvolvimento, em que cada fase somente se inicia quando a anterior se encerra.
Os métodos tradicionais focam bastante na etapa de planejamento. Nesse momento, são definidas todas as especificações, requisitos, o escopo do projeto, os custos e o cronograma. Com tudo definido e documentado, a equipe finalmente começa a desenvolver o produto. Mudanças são fortemente indesejadas.
Com base nesse cenário, a Agilidade antes de tudo é uma mudança de mentalidade ou mindset.
Metáfora da Cebola
Para ilustrar esse conceito, vamos utilizar a “Metáfora da Cebola” como na imagem abaixo:
Quando se fala em agilidade ou agile, as pessoas pensam logo em metodologias de gestão de projeto ou desenvolvimento de software. E não estão erradas em pensar dessa forma.
No entanto, agilidade é muito mais que isso e o desenvolvimento de uma “mentalidade ágil” na empresa é que irá gerar muito mais impacto.
Observando o “modelo de cebola”, nós temos 5 anéis, partindo do anel mais externo para o mais interno: Mindset, Valores, Princípios, Práticas, Ferramentas e Processos.
Pensando em uma empresa e o impacto que cada camada da “Cebola Ágil” terá nela, o anel do Mindset, mais externo, seria o mais eficaz, porém é o menos tangível.
Já o anel das Ferramentas e Processos, mais interno, é o menos eficaz, porém é o mais tangível.
Traduzindo: você pode comprar post-its coloridos para sua empresa, utilizar ferramentas ágeis para gerir projetos, mudar o nome dos times para Squads (parte tangível). No entanto, nada disso será eficaz se não houve uma mudança estrutural e cultural na sua empresa (parte intangível).
Para tangibilizar melhor o conceito, vamos discutir cada camada:
Ferramentas
As ferramentas ágeis envolvem tudo aquilo que é visível ou tangível: post-its, quadro Scrum ou Kanban, softwares como Trello, Asana ou Jira, reuniões de acompanhamento, por exemplo.
Práticas
As práticas ágeis incluem o Scrum, Kanban, XP, Priorização do Backlog do Produto, gestão do fluxo de trabalho, limitar o trabalho em progresso, histórias de usuários, eventos para inspeção e adaptação, por exemplo.
As práticas são simples de entender, mas são menos tangíveis que as ferramentas. Apesar do fácil entendimento, possuem maior grau de dificuldade de aplicação.
Princípios
Em uma definição informal, os princípios ágeis seriam como acordos coletivos, formas de se comportar em determinadas situações.
Por exemplo, um dos princípios ágil é: “Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado.
”Este “acordo” molda o comportamento da empresa e dos times, fazendo com que o time foque nos reais problemas do cliente, ouvindo suas dores e necessidades e desenvolvendo o que gera valor para ele.
Para saber mais sobre os princípios Ágeis, leia o post sobre o Manifesto Ágil.
Valores
Comparando com os princípios, em uma definição também informal, os valores são mais abstratos, mais abrangentes, são como uma direção ou crenças para uma empresa, ou time.
Por exemplo, um dos valores ágil é: “Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas”.
Este valor direciona o comportamento da empresa, atuando com um filtro para a tomada de decisão.
Por exemplo, em uma área onde as pessoas não estão vendo valor no processo atual, onde o processo está dificultando as entregas, uma empresa com esse valor, iria priorizar as pessoas e interações, modificando os processos e ferramentas.
Para saber mais sobre os valores Ágeis, leia o post sobre o Manifesto Ágil.
Mindset
A última camada da cebola é o mindset. É a camada que irá gerar mais valor para empresa, porém é a mais intangível.
Mentalidade ou Mindset é um conjunto de crenças e pensamentos que moldam como você enxerga o o mundo e a você mesmo.
Isso influencia como você pensa, sente e se comporta em qualquer situação. É o mindset quem determina como as suas ações vão funcionar nas diferentes áreas da sua vida.
Não se consegue ensinar alguém a ter um “Mindset ágil”, pelo menos não de forma direta.
O que é possível fazer é exercitar esse mindset de forma consciente na rotina da empresa, nas decisões e no comportamento das lideranças.
Uma ótima forma de desenvolver o Mindset Ágil também é adotando os valores, princípios e práticas ágeis no dia a dia da empresa com o objetivo final de desenvolver essa cultura e mindset, pois práticas ágeis sem mentalidade não são eficazes e sustentáveis no longo prazo.
Muitas empresas começam com times ou áreas utilizando alguma prática ágil, o Scrum, por exemplo. Por meio dessa prática, procuram exercitar os princípios e valores ágeis na rotina do time de forma sustentável, criando essa nova cultura e mindset na empresa.
Conclusão
Ser ágil é uma forma de pensar. A cultura conta em todas as transformações organizacionais, mas torna-se crítico nas transformações ágeis.
As organizações podem ser ágeis mudando sua estrutura, processos e tecnologia. Mas eles não podem ser ágeis sem mudar a maneira como as pessoas trabalham e interagem diariamente.